Ultimamente ouço muito Nina Simone, traz muita melancolia para meus dias, assim como tudo mais, a estação do outono que começa e seu vento das tardes tristes, um sol morno que já se despede do verão.
Sempre que volto das férias é assim, mas em São Paulo o verão alongava-se até meados de junho, quando fazia frio era por duas semanas, e eu tinha o sol brilhante reluzindo na janela do banheiro, todas as manhãs de inverno, e, principalmente nas manhãs de invernos secos, quando então o perfume do rio tietê chegava até as quintas dos jardins. Nunca geava e o céu, visto do avião, dividia-se em duas camadas, a de um azul profundo e uma mais abaixo, bem grossa, de poluição.
Hoje a lua minguada brilha na janela do meu escritório, nasce amarela e não escondida por uma nuvem de fumaça, há um bosque ao lado, que traz tanta umidade pra casa e tanta raiva de ter voltado a conviver com o bolor que faz-me repensar a respeito de viver no Chile, seu clima desértico e a decisão de não ter escolhido Santiago por causa de terremotos.
Fim de semana limpando armário com vinagre, esfriando leite quente pra tirar cheiro de bolor do armário e ligando uns 10 Volts de aparelhos anti-fúngicos na tomada.
Ok, vale mais o arrego de limpar a casa eu mesma que de uma faxineira pançuda, que rouba detergente, só porque o spender é diferente, talvez ela pense que é do além, sei lá...
Welcome back to the hell.
Isso tudo por causa da arquitetura brasileira, uns "pseudo-profissionais" que não levam em consideração fatores climáticos em suas obras, imagine o frio do sul do Brasil, nenhuma casa é termicamente isolada, portanto, mesmo aquecendo, o calor irá dissipar por falta de isolamento, se tomar banho muito quente, além de danos à saúde da pele, o cara está manchando o teto do banheiro de bolor, pelo acúmulo de umidade+poeira....Agora, você deve se sentir um otário, não é mesmo? Mas isso é redundância por aqui...
Quando meus pais saíram de férias nos idos anos oitenta e voltaram com raivinha desse país, não pude entender o que queria dizer a frase de minha mãe: "-POr aqui tudo é feio e mal feito"- mas, há onze anos, toda vez que volto, especificamente, da Colômbia e da Europa, tenho essa mesma impressão, nada mudou, apenas há mais propaganda de um governo fajuto e, um bando de semi-analfabetos no avião, daqueles que não sabem trancar a porta ou sequer encontrar o banheiro na aeronave, ainda pior, há aqueles que se vestem como num ônibus em Pernambuco e há os que se vestem pra um casamento....(Segundo o relato de um ex que é comandante de uma cia aérea internacional).
Filosofias de uma sexta, nada frugal...
Daí, enquanto ralo batata pra torta, pousa uma mosca gigante no batente da janela, ôpa, pega a câmera, e dorme na mira...
Li uma vez a seguinte frase: "Deus em sua inteligência criou a mosca, mas esqueceu de dizer o porquê".
Fiquei pensando na frase durante toda a sessão das 25 fotografias que fiz dessa criatura, mais fotos até das que fiz da torta, se alguém souber mais detalhes dessa espécie, publicarei com muito interesse.
mosca |
Torta tipo "rösti" com frango e cenoura
tempo de preparo: a tarde toda, se tiver que fotografar uma mosca usando uma lente macro!
Ingredientes
1 peito de frango, desossado
1 cebola roxa
250 gramas de cenoura tipo "baby"
1 tomate inteiro
4 batatas descascadas
2 gemas
2 claras
1 colher de sopa bem cheia de creme de leite pasteurizado
3 talos de salsinha
1 colher de café de alho triturado
folhas de manjericão fresco
queijo tipo fontina, na falta: mozzarella.
Preparo
Unte uma forma de vidro, tipo pirex, com margarina e farinha
Rale a batata no processador, escorra o suco, monte a base da torta apertando para formar uma camada não muito grossa e asse a uns 190° C por aproximadamente 25 minutos (foto). Deve ficar sequinha, mas não queimada.
Cozinhe o peito de frango com o tomate, a cebola, desfie no processador e reserve.
Com o suco do cozimento, cozinhe as cenouras até que fiquem macias, depois, coloque-as no processador, sem o suco, adicione a salsinha e o manjericão e bata até obter a consistência de um purê.
Numa tigela, junte a carne de frango desfiada, duas gemas de ovos, o alho e a nata e misture bem.
Na batedeira: Bata as claras em neve, quando estiverem firmes desligue a batedeira e com o auxílio de uma colher adicione o purê de cenouras delicadamente.
Tire a forma de vidro do forno e recheie com o queijo ralado e o creme de frango, pode usar um amassador (batedor??) de carne para acomodar uniformemente o recheio de frango, adicione uma camada de queijo ralado e a última camada de purê e claras.
Volte ao forno e asse por mais uns 25 minutos a 200°C (ou até a batata começar a dourar, evite que ela queime ou afetará drasticamente o sabor final).