martedì 27 novembre 2012

Hits de verão II- creme de "o que restou na geladeira" com salmão e vieiras


Quando desci as escadas depois que atenderam ao interfone  deparei-me com 3 caixas de vinho nos degraus de madeira cuidadosamente  encerados, abri a primeira caixa e uma aranha seca jazia em sua teia, tomei na mão a primeira garrafa que ainda estava de ponta cabeça e li seu rótulo: "montepulciano d'abruzzo", annata 2005 ( lembrei-me quase de imediato que a vendemia italiana de 2005 será lembrada pelas chuvas de setembro que quase comprometeram a colheita que tinha prerrogativas de grande ano, essa situação do clima bizarro induziu muitos vinhedos a um retardo vegetativo e a uma colheita feita "às pressas", portanto será recordada como uma das mais surpreendentes e positivas também, já que a vinha recuperou-se e produziu "grappoli doces e robustos, mas isso deu-se no Piemonte, norte da Itália terra da nebbiolo, sua representante mais nobre).

E abri a outra caixa, mais 2 garrafas de montepulciano d'abruzzo, o Inferi (inferno de Dante Marramiero) 2004 e mais outro montepulciano 2005, só que dessa vez era uma única garrafa de Marina Cvetic, pulei de alegria, uma coisa misturada de satisfação de um grande vinho com aquela sensação de  "o natal está chegando".

 Coisas abrasileiradas: promoção de última hora de uma tal de black friday que chegou-me por e-mail e imediatamente fiz a compra, afinal, comprar um Marina Cvetic com 50% de desconto não é coisa pra todo dia...Santa black friday....

Cheirei o invólucro plastificado da rolha e percebi um cheiro de bolor: "-temos que provar"- disse, desculpa esfarrapada para abrir o Dragani às 3 da tarde e constatar se estava ou não com sabor de "tapo" (expressão italiana que significa: "- Opa, esse vinho está passado, quase virando vinagre...")

Imediatamente corri para minha gaveta de temperos e apanhei um pacotinho de cogumelos secos, funghi secchi, mais precisamente porcini secchi e embora o correto seja hidratá-los com 2 dias de antecedência mergulhei-os numa vasilha com água até a hora de prepará-los, e sorver com calma o Dragani me fez ter fome de algo rápido e que estivesse sobrando na geladeira, deixo o porcini para o jantar.

Uma única abóbora pequena, amarela, uma única batata-salsa (mandioquinha) e um limão siciliano com uma pequena porção de seu corpo tomada por uma manchinha de bolor (seria o penicilum?). Ah, tinha também um pedaço de uma mão de gengibre, esquecido no fundo da gaveta de legumes, seco e quase sem vida e embora uma mão gigante de gengibre recém comprada reluzia com uma plaquinha escrita: "-corte-me" decidi usar o anterior, ao cortá-lo em minúsculos pedaços vi que algum suco ainda saía dele e constatei que havia "esperança" em adicioná-lo ao meu creme mirabolante.

Cozinhei a abobóra e a mandioquinha em pouca água, o suficiente para estarem bem cozidas e fáceis de serem  trituradas no liquidificador com a consistência mais solta que a de um purê, adicionei o suco do limão pouco antes de desligar o fogo e dei o ponto com um pouco de sal, equilibrando o ácido, misturei um pouco de leite de côco e o gengibre ralado, bati no liquidificador para virarem de fato um lindo creme amarelo-açafrão e finalizei com azeite de oliva aromatizado com coentro, salsinha, manjericão e sálvia, que ilustram o topo de uma vieira e um pedaço de salmão da receita anterior.

meu coentro em flor

E comemos na varanda, cercada de verde e o som dos visitantes do meu pomar, uns vem comer meus morangos silvestres e dormir sob minha lavanda, outros escalam meu coentro como esse Coleoptera que flagrei.
visitantes do jardim


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