lunedì 7 maggio 2012

charutinhos de folha de uva e acelga



É muito triste o outono na cidade grande, não tem folhas secas ao chão, não dá mais pra jantar no terraço e o vento me descabela o tempo todo.
A paisagem não é bonita, mas isso nem no verão, só concreto, e quando chove, não tem cheiro de terra molhada, asfalto sim. Por um momento, até senti-me privilegiada por ter um terraço com árvore de limão-siciliano e até palmeiras, morangos silvestres, capim-limão e todos os aromáticos que necessito para cada prato que faço, mas desde que construíram um prédio, mais alto que o meu, aqui ao lado, os jantares de verão, com tochas, velas e luzinhas brilhantes, transformaram-se totalmente, perdi a privacidade.
Quem pode achar uma cidade desse tamanho bonita? Quando não se tem tempo para admirar nem o feio?
Sinto muita falta da primavera e da geada do inverno, de pássaros coloridos em bando. Mas, meu amigo Confúcio já dizia: "Existe um mundo melhor, mas custa muito mais caro".
Vez ou outra coloco banana no muro do terraço, daí aparecem saís e bem-te-vis, dia desses apareceu uma cambacica (Coereba flaveola), esses passarinhos têm atitudes semelhantes aos colibris, adoram açúcar também, mas esse era peculiar, pousou na minha parreira, que está mais pra lá do que pra cá, ou seja, parreira odeia vaso e apartamento, mas estou insistindo, mesmo que seja para dar umas míseras folhas, já seria uma benção. Atrás do vaso da parreira tem um espelho, aí pousou a cambacica, cantarolou a manhã inteira, mas era um canto diferente, saí para olhar e não é que a cambacica estava brigando com o espelho? Bicava sua imagem refletida, saracoteava pra cima e pra baixo, numa dança desenfreada, parecia que ela não conseguia entender como aquele "outro" passarinho a estava desafiando daquela maneira...
Por um lado foi interessante ela ficar na minha parreira, achava que ela estava ali em busca de seiva ou algo assim, muitos beija-flores adoram seiva açucarada daquelas árvores da floresta, uma gosma amarronzada que brota dos troncos, minha parreira não solta seiva, mas comecei a prestar um pouco mais de atenção em suas folhas para compor um prato que gosto muito: charutinhos com folhas de uva.
Não tinha folha suficiente, tive de apelar e ir ao mercado, uma pena, quando minha mãe azeda pepinos para o natal, ela consegue folha de parreira e ramos de endro de graça. Mas, cidade grande, dependendo do carro que você tem até informação eles cobram.
Essa receita não leva arroz, fiz propositalmente assim, leva quinua, imaginei-a com 2 a 3 tipos de  grãos, mas acabei deixando apenas com 1.
Comprei dois ossobucos, primeira carne de panela que fiz, contando com a rigorosa "supervisão" da mamãe.
O molho-recheio rendeu tanto que acabaram as folhas de uva, sorte que tinha meia acelga na geladeira, elas me salvaram e garantiram mais uma variação neste prato, que tem suas origens na cozinha árabe, para dar mais sabor fiz um creme azedo de última hora.


Meus charutinhos de folha de uva e acelga

Pré aqueça o forno a 190°
deixe de molho 2 xícaras de Quinua, em quantidade de água suficiente para cobrí-las.
2 ossobucos
2 tomates grandes cortados em quartos
1 cebola cortada em quartos
1/2 cebola em rodelas
sal
pimenta síria a gosto
20 folhas de parreira e/ou acelga aproximadamente
Numa panela de pressão, coloque aproximadamente 2  1/2 xícaras de água, os tomates,  1 cebola e o ossobuco temperado, deixe cozinhar até que desmanche, não coloque muita água, para garantir um molho mais consistente.Quando estiver cozida, despeje em uma tigela, tire o tutano, descarte os ossos, amasse grosseiramente com a ajuda de um garfo.
Numa outra panela,  refogue a 1/2 cebola com um pouco de azeite de oliva, quando estiver macia adicione a quinua e mexa, adicione a carne e misture bem, reserve.
Aqueça água em uma wok e monte a panela de bambu por cima, se não tiver use uma panela de boca  larga e o escorredor de macarrão, quando a água estiver bem quente coloque as folhas de uva e cozinhe no vapor por aproximadamente 3 minutos ou até as folhas ficarem macias e maleáveis.
À medida que as folhas ficam prontas, estenda-as em uma bancada e recheie com o cozido de quinua e carne e enrole formando os charutinhos, coloque em um marinex besuntado e leve ao forno por 10 minutos.
Sirva com molho de creme azedo, para dar mais autenticidade ao prato.
1 lata de creme de leite sem soro
Suco de 1 limão siciliano espremido na hora
1 pitada de páprica picante
deixe repousar em temperatura ambiente por no mínimo 10 minutos.


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